Transportes Aéreos da Índia Portuguesa
Os Transportes Aéreos da Índia Portuguesa foram criados em 1955 como uma empresa pública ligada ao Governo-Geral do Estado Português da Índia, sob o nome inicial de “STAIP - Serviços de Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”, designação logo simplificada para “TAIP - Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”.
Logo após a independência da União Indiana em 1947 o seu governo apresentou formalmente o pedido de início de negociações para a entrega de Goa, Damão e Diu. O Governo Português respondeu que tal pedido não era susceptível de se concretizar porque os territórios de Goa, Damão e Diu eram parte integrante de Portugal e os seus habitantes estavam perfeitamente integrados e dispunham dos mesmos direitos e obrigações de que gozavam os habitantes de Portugal Continental (Metrópole) há mais de 400 anos e ainda por uma outra razão muito forte, de que a existência do Estado da Índia era muito anterior a fundação da própria União Indiana.
Após a recusa do Governo português da entrega de Goa, Diu e Damão à União Indiana, esta, para provocar a revolta dos cidadãos adoptou a política de bloqueio aos serviços e infra-estruturas vitais à economia dessas regiões, atingindo inclusive aos bens individuais dos cidadãos. Na prática, foi cortado o comércio externo, ligações aéreas, ferroviárias com exterior, ligações telefónicas contas bancárias, foi proibida a movimentação de pessoas e bens entre Goa, Diu ou Damão e o resto dos territórios controlados pela união indiana. A necessidade urgente de encontrar alternativas para movimentação de pessoas, bens e capitais de modo a assegurar actividades económicas, levou o Governo a dinamizar o sector de transporte aéreo capaz de garantir mobilidade para outras paragens (eventualmente mais distantes).
O objectivo principal da criação dos “TAIP - Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”, era o de contrariar o bloqueio que a União Indiana estava a fazer às comunicações com EPI com vista à anexação dos seus territórios constituintes. A criação dos TAIP foi acompanhada pelo desenvolvimento das estruturas aeroportuárias de Goa, Damão e Diu de modo a permitirem a operação de aeronaves de grande dimensão, permitindo assim as ligações aéreas com estes territórios sem necessidade de qualquer uso de infraestruturas da União Indiana.
Aeroporto de Dabolim (Goa)
Aeródromo de Damão
Aeródromo de Diu
A decisão da construção de infraestruturas aeroportuárias surge em consequência de estudos preliminares que apontaram esta viabilidade como sendo a melhor (segundo os critérios de otimização). Foram inauguradas as pistas dos três aeroportos, em Goa, Damão e Diu em Maio de 1955 e posteriormente as instalações de apoio (hangares, oficinas, terminais, aerogare, etc). Consequentemente, criou-se uma companhia de transportes aéreos, a “STAIP”, que passado algum tempo viu a sua designação abreviada para “TAIP - Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”, sendo mais conhecida por TAIP.
O primeiro avião adquirido pelos TAIP chegou a Goa pilotado pelo Major piloto aviador Solano de Almeida no dia 10 de Agosto de 1955 que antes de aterrar na pista de Dabolim, em Goa, sobrevoou Pangim entre vibrantes aclamações da população da capital do Estado da Índia. Este avião era um pequeno quadrimotor de marca "De Haviland Heron" fabricado na Inglaterra e tinha capacidade para transportar 14 passageiros e alguma carga. O seu raio de acção comercial era de 800 milhas.
“De Havilland Heron” , já depois de ter sido cedido a Timor
Interior da cabine para 14 passageiros Cockpit
A primeira carreira dos TAIP ligava Goa a Damão, e Diu a Karachi. A partir de 1960 foi estabelecida uma ligação regular entre Goa e Moçambique, servindo a Beira e Lourenço Marques. Foram também estabelecidas ligações ocasionais para o Japão, Arábia Saudita e Timor. No início da Guerra do Ultramar em Angola, em 1961 os TAIP deram apoio ao transporte de tropas e material entre Lisboa e Luanda. Existiam planos de expandir as rotas dos TAIP para a África Oriental, Médio Oriente, Timor e até Lisboa, que nunca puderam vir a ser concretizados.
O movimento de passageiros, carga e correio não paravam de crescer; os dois pequenos quadrimotores "De Havilland Heron" já não satisfaziam os requisitos mínimos da contínua expansão dos TAIP e por esse motivo um foi cedido a Guiné e outro para Timor; para proporcionar maior conforto, maior rapidez e iniciar a almejada ligação para Lisboa os TAIP encetaram diligências e contactos com os representantes da norte-americana "Douglas" para fornecer dois aviões "Skymaster DC-4" recondicionados mediante revisão geral e aprontamento feito na própria "Douglas" numa das suas oficinas de manutenção em Brownswille - Texas; esses aviões tinham maior capacidade, maior velocidade e maior autonomia.
“Vickers 610 Viking 1B”
Cabine de passageiros Cockpit
“Douglas Skymaster DC-4” “Douglas DC-6”
Cockpit do “Douglas Skymaster DC-4” Cockpit do “Douglas DC-6”
Nos dois últimos anos de sua operação, os TAIP registaram aumentos de transporte de passageiros, anual, na ordem de 32% e 66%, no valor total de 7258 passageiros em 1959 e de 5849 passageiros até 10 de Agosto de 1960, respectivamente. A sua frota era composta nesta altura por aviões “Vickers Viking” (2 aeronaves), “Douglas DC-4” (2 aeronaves) e “Douglas DC-6” (3 aeronaves).
Pouco antes da invasão indiana do Estado Português da Índia, os TAIP foram utilizados para a evacuação de civis de Goa para Karachi. No dia da invasão (18 de Dezembro de 1961) encontrava-se no Aeroporto de Dabolim apenas um DC-4 dos TAIP que escapou, juntamente com um avião “Super Constelation” da TAP, ao bombardeamento que sofreu aquela instalação. Apesar da pista e a torre terem sido atingidos pelos maciços bombardeamentos da Força Aérea Indiana, durante a noite foram feitas as necessárias reparações na pista que permitiram aos dois aviões levantar voo com destino a Karachi donde posteriormente seguiram para Lisboa.
Aerogare do aeródromo de Diu, depois da invasão indiana
Primeira página do “Diário de Lisboa”, de 18 de Dezembro de 1961
Terminaram nesse dia 18 de Dezembro de 1961, as actividades dos “TAIP - Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”.
Logo após a independência da União Indiana em 1947 o seu governo apresentou formalmente o pedido de início de negociações para a entrega de Goa, Damão e Diu. O Governo Português respondeu que tal pedido não era susceptível de se concretizar porque os territórios de Goa, Damão e Diu eram parte integrante de Portugal e os seus habitantes estavam perfeitamente integrados e dispunham dos mesmos direitos e obrigações de que gozavam os habitantes de Portugal Continental (Metrópole) há mais de 400 anos e ainda por uma outra razão muito forte, de que a existência do Estado da Índia era muito anterior a fundação da própria União Indiana.
Após a recusa do Governo português da entrega de Goa, Diu e Damão à União Indiana, esta, para provocar a revolta dos cidadãos adoptou a política de bloqueio aos serviços e infra-estruturas vitais à economia dessas regiões, atingindo inclusive aos bens individuais dos cidadãos. Na prática, foi cortado o comércio externo, ligações aéreas, ferroviárias com exterior, ligações telefónicas contas bancárias, foi proibida a movimentação de pessoas e bens entre Goa, Diu ou Damão e o resto dos territórios controlados pela união indiana. A necessidade urgente de encontrar alternativas para movimentação de pessoas, bens e capitais de modo a assegurar actividades económicas, levou o Governo a dinamizar o sector de transporte aéreo capaz de garantir mobilidade para outras paragens (eventualmente mais distantes).
O objectivo principal da criação dos “TAIP - Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”, era o de contrariar o bloqueio que a União Indiana estava a fazer às comunicações com EPI com vista à anexação dos seus territórios constituintes. A criação dos TAIP foi acompanhada pelo desenvolvimento das estruturas aeroportuárias de Goa, Damão e Diu de modo a permitirem a operação de aeronaves de grande dimensão, permitindo assim as ligações aéreas com estes territórios sem necessidade de qualquer uso de infraestruturas da União Indiana.
Aeroporto de Dabolim (Goa)
Aeródromo de Damão
Aeródromo de Diu
A decisão da construção de infraestruturas aeroportuárias surge em consequência de estudos preliminares que apontaram esta viabilidade como sendo a melhor (segundo os critérios de otimização). Foram inauguradas as pistas dos três aeroportos, em Goa, Damão e Diu em Maio de 1955 e posteriormente as instalações de apoio (hangares, oficinas, terminais, aerogare, etc). Consequentemente, criou-se uma companhia de transportes aéreos, a “STAIP”, que passado algum tempo viu a sua designação abreviada para “TAIP - Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”, sendo mais conhecida por TAIP.
O primeiro avião adquirido pelos TAIP chegou a Goa pilotado pelo Major piloto aviador Solano de Almeida no dia 10 de Agosto de 1955 que antes de aterrar na pista de Dabolim, em Goa, sobrevoou Pangim entre vibrantes aclamações da população da capital do Estado da Índia. Este avião era um pequeno quadrimotor de marca "De Haviland Heron" fabricado na Inglaterra e tinha capacidade para transportar 14 passageiros e alguma carga. O seu raio de acção comercial era de 800 milhas.
“De Havilland Heron” , já depois de ter sido cedido a Timor
Interior da cabine para 14 passageiros Cockpit
A primeira carreira dos TAIP ligava Goa a Damão, e Diu a Karachi. A partir de 1960 foi estabelecida uma ligação regular entre Goa e Moçambique, servindo a Beira e Lourenço Marques. Foram também estabelecidas ligações ocasionais para o Japão, Arábia Saudita e Timor. No início da Guerra do Ultramar em Angola, em 1961 os TAIP deram apoio ao transporte de tropas e material entre Lisboa e Luanda. Existiam planos de expandir as rotas dos TAIP para a África Oriental, Médio Oriente, Timor e até Lisboa, que nunca puderam vir a ser concretizados.
O movimento de passageiros, carga e correio não paravam de crescer; os dois pequenos quadrimotores "De Havilland Heron" já não satisfaziam os requisitos mínimos da contínua expansão dos TAIP e por esse motivo um foi cedido a Guiné e outro para Timor; para proporcionar maior conforto, maior rapidez e iniciar a almejada ligação para Lisboa os TAIP encetaram diligências e contactos com os representantes da norte-americana "Douglas" para fornecer dois aviões "Skymaster DC-4" recondicionados mediante revisão geral e aprontamento feito na própria "Douglas" numa das suas oficinas de manutenção em Brownswille - Texas; esses aviões tinham maior capacidade, maior velocidade e maior autonomia.
“Vickers 610 Viking 1B”
Cabine de passageiros Cockpit
“Douglas Skymaster DC-4” “Douglas DC-6”
Cockpit do “Douglas Skymaster DC-4” Cockpit do “Douglas DC-6”
Nos dois últimos anos de sua operação, os TAIP registaram aumentos de transporte de passageiros, anual, na ordem de 32% e 66%, no valor total de 7258 passageiros em 1959 e de 5849 passageiros até 10 de Agosto de 1960, respectivamente. A sua frota era composta nesta altura por aviões “Vickers Viking” (2 aeronaves), “Douglas DC-4” (2 aeronaves) e “Douglas DC-6” (3 aeronaves).
Pouco antes da invasão indiana do Estado Português da Índia, os TAIP foram utilizados para a evacuação de civis de Goa para Karachi. No dia da invasão (18 de Dezembro de 1961) encontrava-se no Aeroporto de Dabolim apenas um DC-4 dos TAIP que escapou, juntamente com um avião “Super Constelation” da TAP, ao bombardeamento que sofreu aquela instalação. Apesar da pista e a torre terem sido atingidos pelos maciços bombardeamentos da Força Aérea Indiana, durante a noite foram feitas as necessárias reparações na pista que permitiram aos dois aviões levantar voo com destino a Karachi donde posteriormente seguiram para Lisboa.
Aerogare do aeródromo de Diu, depois da invasão indiana
Primeira página do “Diário de Lisboa”, de 18 de Dezembro de 1961
Terminaram nesse dia 18 de Dezembro de 1961, as actividades dos “TAIP - Transportes Aéreos da Índia Portuguesa”.
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